“O saber que importa nesta perspectiva das competências é o que poderá ser útil ao seu possuidor na resolução de problemas, na relação com os outros, na sua relação com o conhecimento, na sua acção diária. Um saber a que o seu possuidor é capaz de atribuir sentido, tornando-o utilizável”.
(Ofélia Libório in Encontro Internacional Qualidade em Educação de Infância: currículo e aprendizagens (2006)
(Roldão, 2003, p. 16)
Para muitos educadores, a noção de competência confunde-se com a noção de objectivos a alcançar. Desta forma, é importante perceber a noção e a relação que existe entre esses dois conceitos.
Roldão (2003, pp. 20-21) define objectivo como “aquilo que se pretende que um aluno aprenda, numa dada situação de ensino e aprendizagem, e face a um determinado conteúdo ou conhecimento”, e define competência como o “saber que se traduz na capacidade efectiva de utilização e manejo – intelectual, verbal ou prático – e não a conteúdos acumulados com os quais não sabemos nem agir no concreto, nem fazer qualquer operação mental ou resolver qualquer situação, nem pensar com eles”.
Quando estamos perante a formulação de objectivos de aprendizagem, devemos ter em conta a sua finalidade, ou seja, devemos ter em conta qual a competência que pretendemos alcançar a partir do objectivo que construímos.
É a partir das aprendizagens que a criança tem consolidadas que ela vai alcançar as competências que se pretendem pois “a competência implica a capacidade de ajustar os saberes a cada situação e por isso eles devem estar consolidados, integrados e portadores de mobilidade”. (Roldão, 2003, p. 24).
Desta feita, e segundo outros autores, tal como Perrenoud (s.d), a competência está relacionada com o processo de mobilizar ou activar recursos – conhecimentos, capacidades, estratégias – em diversas situações. As competências pressupõem conhecimentos, mas não se confundem com a aquisição de conhecimentos sem que hajam aprendizagens e experiências quanto à sua utilização.
Dolz e Ollagnier (2004), definem competência como a capacidade de criar um comportamento num determinado domínio. Com a noção de competências, definem-se os saberes experienciais necessários, que permitem que as crianças resolvam problemas que vão surgindo.
Para desenvolver competências, é necessário colocar a criança em situações complexas, que exigem e treinam a mobilização dos seus conhecimentos: um problema para resolver, uma escolha para fazer…Assim sendo, a noção de competências remete para situações, nas quais é necessário tomar decisões e resolver problemas.
Desta forma, e como refere Roldão (2003), existe competência/s quando, perante um determinado problema, se é capaz de mobilizar adequadamente diversos conhecimentos que se possui, seleccioná-los e integrá-los, de forma adequada, face àquele problema, isto é, a pedagogia pelas competências define as acções que o aluno, e neste caso as crianças, deve ser capaz de realizar após a sua aprendizagem.
Quando nos debruçamos sobre o documento Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais (p.9), podemos verificar que a noção de competências é ampla uma vez que “integra conhecimentos, capacidades e atitudes e que pode ser entendida como saber em acção ou
Desta feita, depois de analisarmos a noção de objectivos e de competências, podemos concluir que (e segundo Roldão (2003, p. 22) “a competência é o objectivo último dos vários objectivos que para ela contribuem”, ou seja, a competência é o objectivo que pretendemos alcançar a partir de todos os outros objectivos de aprendizagem.
Bibliografia:
DOLZ, Joaquim; OLLAGNIER Edmée; et al (2004). O Enigma da Competência em Educação, Porto Alegre, Editora Artmed
LIBÓRIO, Ofélia (2006). Encontro Internacional Qualidade em Educação de Infância: currículo e aprendizagens. Disponível em: www.fbb.pt/qei/images/stories/qei_-_o_ponto_de_vista_das_criancas.pdf
PERRENOUD, Philippe (s.d) Porquê Construir competências a partir da escola? Desenvolvimento da autonomia e luta contra as desigualdades. Cadernos do CRIAP, Porto: ASA editores, nº 28.
ROLDÃO, Maria do Céu (2003). Gestão do Currículo e avaliação de Competências: As questões dos professores. Editorial Presença, Lisboa.
3 comentários:
muito obrigada! este post deu imenso jeito para fazer um trabalho para a faculdade :) continua assim
"... aquisição de conhecimentos sem que hajam aprendizagens e experiências ..."
Atenção ao "português"!!! Não existe "hajam oportunidades" mas sim "haja oportunidades". Por muito bom que seja o artigo, este tipo de mau uso da língua deita tudo a perder pois faz duvidar sobre a solidez científica que deve sustentar o que se escreve.
Caro "César",
hajam:
3ª pess. pl. pres. conj. de haver
3ª pess. pl. imp. de haver
haja:
1ª pess. sing. pres. conj. de haver
3ª pess. sing. imp. de haver
3ª pess. sing. pres. conj. de haver.
Neste caso refere-se a duas coisas, logo, plural.
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