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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O que é Educação de Infância?

Todos nós temos princípios quer como pessoas quer como profissionais e os educadores não são excepção. Cada educador tem as suas próprias ideologias, os seus próprios métodos, os seus próprios conceitos de Educação de Infância, as suas regras...
Considero, portanto, essencial falar um pouco do que significa para mim a Educação de Infância, assim como de alguns princípios que um educador deve, em geral (e na minha opinião) ter em conta.

“...A educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita relação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário...”.[1] Penso que esta afirmação resume muito bem qual deverá ser o papel do educador junto das crianças: a Educação de Infância é a primeira das várias etapas de educação ao longo da vida e, por isso, uma das mais importantes e decisivas para um sucesso a todos os níveis.
Surge como uma continuidade da acção educativa da família e por esta razão, deveremos manter com as famílias uma relação de proximidade, onde se verifique troca de opiniões e de conhecimentos, visando atingir um mesmo objectivo – o bem-estar da criança e o seu desenvolvimento pleno e saudável.

A criança é um ser com direitos que muitas vezes são esquecidos e cabe a nós, educadores, lutar por esses direitos, criar-lhes condições de bem-estar e aprendizagem, num clima baseado no afecto, na segurança… É nosso papel como educadores contribuir para uma maior igualdade de oportunidades, visando uma educação para todas e para cada uma das crianças, num clima de respeito pelos outros, de cooperação e interajuda entre todas. É igualmente importante que a criança se sinta respeitada, a nível das suas ideias, pensamentos, sentimentos, pontos de vista e como ser humano único, autêntico e especial à sua maneira.

É dever do educador lutar, para que a voz da criança seja cada vez mais ouvida e a sua dignidade cada vez mais respeitada. É importante encarar a criança como um ser activo no seu processo de desenvolvimento, aprendizagem e de interacção com o meio envolvente. Deveremos, portanto, partir das suas ideias, saberes e culturas e valorizar as suas características, dando assim origem a um diversificado leque de experiências e saberes partilhados, saudável para o desenvolvimento e crescimento de todos. É, no entanto, essencial contribuir para que a criança se sinta como membro pertencente a um grupo, onde sinta a necessidade de ser respeitada e de respeitar o outro, onde deseje ser ouvida e por isso deva ouvir os outros, onde deseje compreensão e por isso deva procurar compreender os outros. Penso que este tipo de atitude ajuda a criança a crescer num ambiente de solidariedade, de respeito, de liberdade de expressão, de compreensão e interajuda, desejado por todos.
Um bom educador deverá valorizar o brincar da criança. “Através de uma brincadeira, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo, o que gostaria de ter e quais as suas preocupações. Pela brincadeira, a criança expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas actividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos"[2]. Brincar é uma actividade diária na vida das crianças. É a forma como elas resolvem a maior parte dos conflitos criados pelas limitações do mundo em que vivem e que é, eminentemente, um mundo dos adultos. Através da brincadeira, a criança expressa a sua forma de representação da realidade.
Apesar do jogo ser uma actividade espontânea nas crianças, isso não significa que o educador não tenha uma atitude activa. “A perspectiva teórica do sócio-interaccionismo destaca o papel do adulto frente ao desenvolvimento infantil, cabendo-lhe proporcionar experiências diversificadas e enriquecedoras, a fim de que as crianças, possam fortalecer sua auto-estima e desenvolver suas capacidades”.[3] O educador pode (e deve) proporcionar oportunidades de aprendizagem às crianças, através do aprofundar das suas brincadeiras. A participação do educador no jogo da criança, aumenta o seu nível de interesse pela actividade, pelo enriquecimento que aquele proporciona. O educador que interage, desperta a atenção e a compreensão, enriquecendo o brincar. Mas é imprescindível que se observe como é que a criança brinca, respeitando a sua iniciativa, as suas preferências, o seu ritmo de acção para que possamos intervir da melhor maneira.
Um educador deverá ser capaz de atender aos interesses e necessidades das crianças, proporcionando-lhes experiências enriquecedoras e significativas, organizando um ambiente de afecto e ao mesmo tempo desafiador, que propicie a exploração da curiosidade infantil, incentivando o desenvolvimento do sentido crítico e da progressiva autonomia da criança.
É muito importante que valorizemos as crianças pelo que são, pensam, sentem e fazem. Se se sentirem valorizadas, sentirem que as suas ideias, comportamentos, atitudes e capacidades têm valor, então aprenderão a ter confiança em si mesmas, a ter segurança naquilo que fazem, a sentir a sua auto-estima estimulada. Caso contrário, uma auto-estima baixa, um ambiente em que a criança não sinta as suas aptidões e ideias valorizadas, constituirão um obstáculo para o seu envolvimento, o seu sucesso no futuro e também para a sua felicidade pessoal e profissional. Quando permitimos à criança ser dona dos seus sentimentos, causamos um grande impacto sobre a sua auto-estima. Desta forma, a criança é capaz de se sentir capaz, útil e participante no seu processo de aprendizagem e só assim se pode sentir plenamente realizada.
Para contribuir para um ambiente educativo que promova o desenvolvimento global, saudável e harmonioso da criança, é essencial observar, planear, avaliar, comunicar e reflectir sobre o processo educativo.
Observar permite-nos conhecer todas e cada uma das crianças, as suas necessidades, os seus interesses e as suas dificuldades. Em Educação de Infância, considera-se observação, a base do planeamento e avaliação do nosso próprio desempenho, para darmos resposta às necessidades de uma criança. A resolução dos problemas, uma boa prática profissional e até mesmo as maiores aprendizagens das crianças passam primeiro por uma boa observação por parte do educador. É essencial que se observe para se entender aquilo que interessa às crianças, para perceber o contexto e para perceber a origem dos problemas que influenciam as aprendizagens. Compete, então, ao Educador de Infância, com vista à construção das aprendizagens, observar cada criança e o grupo, organizar, planificar, concretizar, avaliar/comunicar e promover a continuidade educativa.

“Planear o processo educativo de acordo com o que o educador sabe do grupo e de cada criança, do seu contexto familiar e social é condição para que a educação pré-escolar proporcione um ambiente estimulante de desenvolvimento e promova aprendizagens significativas e diversificadas que contribuam para uma maior igualdade de oportunidades”.[4] Desta forma, o planeamento de todo o conjunto de actividades seleccionadas, deve ter como ponto de partida a criança, uma vez que o conhecimento desta e da sua evolução “constitui o fundamento da diferenciação pedagógica que parte do que esta sabe e é capaz de fazer para alargar os seus interesses e desenvolver as suas potencialidades”.[5] Tudo isto apresenta uma grande importância para o sucesso da educação pré-escolar, na medida em que “partir do que as crianças sabem, da sua cultura e saberes próprios[6] e “respeitar e valorizar as características individuais da criança, a sua diferença, constitui a base de novas aprendizagens”.[7]
O educador deve ter em conta que a “oportunidade de usufruir de experiências educativas diversificadas, num contexto facilitador de interacções sociais alargadas com outras crianças e adultos, permite que cada criança, ao construir o seu desenvolvimento e aprendizagem, vá contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagem dos outros”.[8]
Avaliar permite adequar a acção às necessidades e interesses da criança e do grupo. De acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar, “a avaliação realizada com as crianças é uma actividade educativa, constituindo também uma base de avaliação para o educador. A sua reflexão, a partir dos efeitos que vai observando, possibilita-lhe estabelecer a progressão das aprendizagens a desenvolver com cada criança. Neste sentido, a avaliação é suporte do planeamento.”[9] A criança terá, então, um papel importante na construção do processo educativo.
Comunicar e trocar opiniões com os pais e a comunidade contribuirá, sem dúvida, para um melhor conhecimento da criança. Fazer a ponte entre o Jardim e o contexto familiar possibilita à criança uma troca de experiências única.
Reflectir permite que tomemos consciência das nossas acções, podendo melhorá-las numa próxima oportunidade, se necessário, numa constante readaptação da acção.
A educação da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário, passa também pelo desenvolvimento de várias áreas de conteúdo muito importantes para o seu desenvolvimento global: a Área de Desenvolvimento Pessoal e Social, a Área de Expressão e Comunicação e a Área do Conhecimento do Mundo. Da Área de Expressão e Comunicação fazem parte o domínio das expressões, que engloba a expressão dramática, a motora, as expressões plástica e musical, o domínio da linguagem e da escrita e o domínio da matemática. A Área do Conhecimento do Mundo permite fazer a articulação entre as duas outras áreas de conteúdo, sendo que é “através das relações com os outros que se vai construindo a identidade pessoal e se vai tomando posição perante o “mundo” social e físico”[10]. Neste ponto, assume também muita importância, não apenas a interacção com a família, como também a colaboração com a comunidade onde a criança está inserida.



[1] Ministério da Educação. (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Departamento da Educação Básica. Núcleo de Educação Pré-Escolar. Lisboa. p. 15

[2] BETTELHEIM, Bruno (1984). Uma vida para seu filho. São Paulo: Artmed, p. 105

[3] CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva (orgs) (2001). Educação Infantil: p’ra que te quero? Porto Alegre: Artmed, p.27

[4] Ministério da Educação. (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Departamento da Educação Básica. Núcleo de Educação Pré-Escolar. Lisboa. p. 26

[5] Idem, p.25

[6] Ibidem.

[7] Ibidem.

[8] Ibidem, p. 19

[9] Ibidem p. 27

[10] Ministério da Educação. (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Departamento da Educação Básica. Núcleo de Educação Pré-Escolar. Lisboa. p. 21

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